A juíza Vitalina Papadakis alertou recentemente os futuros magistrados sobre os perigos de publicações e comportamentos inadequados nas redes sociais, pois tal pode ser explorado para pôr em causa a sua imparcialidade.
“A discrição no mundo digital não é uma opção, mas uma obrigação”, sublinhou, reforçando a importância de separar a vida pessoal e a carreira profissional.
Referiu que a crescente exposição proporcionada pelas redes sociais coloca os juízes num lugar de vulnerabilidade. Comentários, partilhas de opiniões controversas ou associações a determinadas causas podem, inadvertidamente, afectar a percepção pública de sua imparcialidade. Assim, o caminho para se tornar um juiz, além de exigir uma formação sólida, exige uma capacidade contínua de autor-regulação no comportamento online.
Na sua opinião, além das exigências legais e do conhecimento jurídico, os aspirantes à magistratura devem adoptar uma conduta exemplar na esfera pública e privada. E com a presença cada vez mais predominante das plataformas digitais, surge um novo desafio: a manutenção de uma imagem pública irrepreensível no ambiente virtual.
A palestra também trouxe à tona um aspecto crucial do sistema educacional moçambicano, que actualmente foca predominantemente na advocacia. Esse enfoque, segundo os especialistas, limita a aplicabilidade do Direito ao não preparar estudantes para a ampla extensão da carreira jurídica.
A juíza Vitalina Papadakis falava numa palestra realizada pela Universidade Católica de Moçambique (UCM), intitulada "Ensino do Direito e o Modelo do Juiz: Responsabilidade e Desafios".
Durante a palestra, foi destacada a crescente necessidade de os juízes manterem uma postura reservada e discreta nas redes sociais, sob pena de comprometerem a sua integridade e imparcialidade, factores essenciais para o exercício da magistratura.
“A carreira de um juiz é pautada por uma responsabilidade que vai além do conhecimento técnico”, frisou a juíza.
Por Rafael Langa)
