O planeta está cada vez mais a sofrer com os impactos das mudanças climáticas. Tal se deve à vários factores, dentre os quais o significativo aumento populacional observado no século XX, quando o número de pessoas passou de 1,6 bilhão para 6,1.
Os dados acima foram apresentados recentemente pelo académico António Queface, durante uma aula inaugural na Universidade Politécnica, em Maputo, intitulada “Mudanças Climáticas: Mais vale prevenir do que remediar”.
O professor disse que as mudanças climáticas são profundas e abrangentes. Afectam desde a segurança alimentar e hídrica à biodiversidade e saúde humana. Por isso, defende uma abordagem proactiva e preventiva para reduzir danos e garantir um futuro sustentável.
Ressaltou que o crescimento populacional trouxe consequências severas para o meio ambiente. São exemplos disso a poluição, desmatamento, empobrecimento de solos e pressão sobre os recursos naturais. Também se pode falar do surgimento de problemas sociais como a fome e vários tipos de conflitos. Por esse e mais elementos, as mudanças climáticas torna-se no desafio mais significativo do século XXI.
António Queface enfatizou a importância da adoptação de padrões sustentáveis de produção e consumo, bem como relevância da implementação de políticas e práticas que promovam a preservação ambiental e a mitigação das mudanças climáticas. O alerta é um chamado à acção urgente para o mundo através da cooperação internacional, compromisso político e investimento em soluções sustentáveis.
AUMENTO DA TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL
Para expor o quão o mundo está vulnerável, o docente recorreu ao relatório do IPCC 2023 (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas), que destaca a preocupante realidade de da temperatura média global. É 1,1 graus Celsius acima do período pré-industrial devido, principalmente, às actividades humanas.
O IPCC 2023 alerta que ultrapassar o limite de 1,5º Celsius pode resultar em consequências graves como derretimento acelerado de geleiras, o aumento do nível do mar. a intensificação de eventos climáticos extremos, ondas de calor e tempestades intensas com impactos adversos na biodiversidade e segurança alimentar.
É, disse, imperativo reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes de actividades humanas, incluindo a queima de combustíveis fósseis, desmatamento e práticas agrícolas intensivas. Isso requer a implementação urgente de políticas e práticas que promovam a transição para fontes de energia renovável, eficiência energética e adopção generalizada de tecnologias de baixa emissão de carbono em todos os sectores da economia global.
O IPCC enfatiza que a acção colectiva e decisiva dos governos, empresas e sociedade civil é essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger o planeta. As metas estabelecidas pelo IPCC incluem atingir o pico das emissões de GEE até 2025, reduzi-las pela metade até 2030 e alcançar emissões líquidas zero até por volta de 2050.
MOÇAMBIQUE NÃO FICA DE FORA
Moçambique enfrenta, considera António Queface, os impactos das mudanças climáticas devido a fenómenos como o aumento das temperaturas, elevação do nível do mar e padrões climáticos imprevisíveis. Assim aumenta consideravelmente o risco de desastres naturais como inundações e secas, o que afecta negativamente a produção de alimentos e a disponibilidade de água potável.
Medidas de adaptação e mitigação, ressaltou, são essenciais para enfrentar esses desafios urgentes. Desafia instituições universidades a preparação indivíduos para os desafios futuros, pois não se trata apenas de oferecer conhecimento académico, mas também de equipar os alunos com habilidades e mentalidade necessárias para lidar com mudanças climáticas.
As universidades devem ainda abordar questões ambientais para “cultivar” uma nova geração de líderes e profissionais capacitados promover um futuro mais sustentável e resiliente.
Por Renaldo Manhice