“Ricardo Rangel: Entregue às paixões” - os 100 anos do ícone da fotografia

Ricardo Rangel é uma referência no fotojornalismo em Moçambique | Foto: Ricardo Rangel (cedida por Jorge Dias)

 

“Ricardo Rangel: entregue às paixões”, celebra os 100 anos de nascimento (1924-2009)  de um dos mais consagrados fotógrafos moçambicanos e mestre da geração de primeiros profissionais da fotografia e fotojornalismo no país, após independência. A exposição estará patente, a partir do dia 15 de Fevereiro, na Galeria do Kulungwana, na Estação Central dos Caminhos de Ferro de Moçambique, em Maputo.

A exposição reúne fotografias que abrangem desde o período colonial até o pós-independência, incluindo imagens de Rangel ao lado de seus contemporâneos e de Beatrice Rangel, sua companheira de vida. Além disso, depoimentos de fotógrafos, escritores e pesquisadores enfatizam o papel crucial desempenhado pelo fotojornalista como um articulador fundamental na vida sociocultural moçambicana.

De acordo com a nota de curadoria assinada por Jorge Dias (curador) e Isa Bandeira (colaboração), a mostra proporciona uma oportunidade única para refletir sobre a significativa    contribuição de Rangel para a fotografia e o fotojornalismo em Moçambique. “Cada imagem presente na exposição testemunha as inúmeras paixões que impulsionaram Ricardo Rangel: a paixão pela liberdade, justiça, amor e pela humanidade. Ele foi, sem dúvida, um habilidoso contador de histórias, registando não apenas as narrativas de Lourenço Marques, mas também de Maputo, assegurando que não esqueçamos quem somos”, explica a curadoria.

Jorge Dias e Isa Bandeira destacam as desigualdades sociais e culturais na fotografia de Rangel e “representam uma parte fundamental da história do fotojornalismo moçambicano”, pelo que, analisam, “a exposição celebra não apenas o legado deixado por Ricardo Rangel, mas também a influência que ele exerceu sobre uma geração de fotógrafos que trabalharam com ele e que agora continua seu trabalho com paixão e dedicação”.

Ricardo Rangel começou a sua carreira como fotógrafo durante o início dos anos 40, trabalhando na revelação de imagens em um estúdio privado, o que despertou o seu interesse na fotografia.

Rangel juntou-se a quatro outros jornalistas moçambicanos, em 1970, para fundar a revista Tempo e trabalhou como fotógrafo-chefe, muitas vezes documentando a pobreza ou a política colonial. Depois da independência teve um papel activo na formação de novos fotojornalistas, tendo passado pelo jornal Notícias, foi o primeiro director do semanário Domingo em 1981, fundou o Centro de Formação, escola de fotografia, em Maputo em 1983 e continuou a ser o seu director até a sua morte em 2009.