Quive e Mélio discutem problemas globais

Foto: Gillelio Cossa
Mélio Tinga e Eduardo Quive


Inspirados nos dilemas do seu quotidiano, vividos em Maputo, sua terra natal, os escritores Eduardo Quive e Mélio Tinga escreveram “Mutiladas” e “Nevoa na Sala”, respectivamente.
Ambas obras abordam problemas globais como guerra e a miséria, partindo da sua própria realidade. Este elemento foi dos mais destacados pelos ensaístas Sara Jona Laísse e António Cabrita, ao apresentarem os livros no Centro Cultural Franco-Moçambicano, na capital do país.
Na voz emprestada de Matteo Angius, Sara Jona Laisse, também professora, disse que “Mutiladas” apresenta contos que remetem à desgraça, por isso, os temas mais sonantes são miséria, desigualdades e dores do mundo.
Fala, na sua óptica, “da necessidade de resolver dramas sociais e questiona a nossa cidadania e actuação enquanto humanos”. E convida os leitores a reflectirem sobre o Moçambique do seu tempo.
Entretanto, Mélio Tinga fala da guerra e outros assuntos. A guerra pode ser física, sentimental e psicológica. Entretanto, indo à coisas óbvias fala da oposição entre homens, criando, por exemplo, um personagem perseguido pelos fantasmas dos homens que executou.
É, segundo o poeta António Cabrita, sobre personagens em busca de redenção ou a “esperam de serem exumados ou confirmados como mortos”.
Lendo a obra, na sua opinião, “haverá para os mais distraídos a tentação de o ler como livro falho”. É uma questão de escolhas, não é para quem procura lições de moral ou qualquer coisa parecida. Um dos grandes méritos reside no facto de ser um trabalho extremamente lírico e capaz de ganhar grandes prémios, como o “Oceanos”, um dos mais importantes da literatura lusófona. “A probabilidade é muito grande”, chutou.
Os livros “Mutiladas”, de Eduardo Quive, e “Névoa na Casa”, de Mélio Tinga, fazem parte da colecção de prosa ficcional “Penugem Animal”, da Catalogus Autores, uma plataforma fundada por ambos autores para promover a literatura moçambicana.

(Por Lucas Muaga)