O Governo da Noruega vai desembolsar, nos próximos cinco anos, cerca de um milhão de dólares para reforçar o sistema de aviso prévio e adaptação às mudanças climáticas em Moçambique.
Para o efeito, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e o Instituto de Meteorologia da Noruega (Met Norway) assinaram um Memorando de Entendimento na tarde desta quarta-feira (08) em Maputo.
Na ocasião, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala disse esperar que a parceria melhore a prestação de serviços meteorológicos e climáticos.
“Esta parceria irá envolver o estabelecimento de melhores práticas, discussões colegiais e treinamento no uso de ferramentas compartilhadas, disseminação dos resultados, partilha de ferramentas para gerir e avaliar a qualidade de dados meteorológicos”, disse o governante.
“É nossa expectativa que, até 2030, o INAM consiga melhorar a prestação de serviços meteorológicos e climáticos, para informar os decisores a (todos os) níveis, Informar e preparar os decisores e o público em geral para enfrentarem os eventos meteorológicos e climáticos extremos”, acrescentou.
Disse esperar do INAM o fortalecimento de parcerias científicas, pesquisas e estudos para melhorar a verificação, precisão e fiabilidade dos serviços operacionais meteorológicos e climáticos em Moçambique, bem como, o cumprimento dos compromissos internacionais e regionais.
Por sua vez, o Embaixador Norueguês, Haakon Gram-Johannessen, apontou que a colaboração entre o INAM e o Met Norway é fundamental, pois irá fortalecer a capacidade de Moçambique prevenir os impactos dos eventos extremos.
“O sistema de aviso prévio é uma ferramenta importante na resposta a estes eventos. Este permite-nos saber qual é a probabilidade de tais eventos acontecerem, e o que fazer quando eles se fazem sentir”, disse.
Neste contexto, a colaboração entre o INAM e Instituto Meteorológico da Noruega é fundamental, na medida em que fortalecerá a capacidade de Moçambique prevenir os impactos adversos de qualquer fenómeno climático.
Referiu que Moçambique tem sido ciclicamente afectado por fenómenos climáticos extremos.
“Os ciclones Idai e Fred são exemplos recentes e os efeitos estão sendo sentidos até hoje e melhorar os dados meteorológicos, e conhecimentos sobre o clima para informar e orientar a tomada de decisão e a resposta a nível nacional, provincial e distrital é o nosso principal objectivo”.
A iniciativa está em linha com a orientação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e da Organização Meteorológica Mundial sobre a iniciativa de “fornecer a todos os cidadãos do planeta, nos próximos cinco anos, um sistema integrado de Aviso-Prévio para uma Acção Antecipada”.
O memorando entre os dois países acontece numa altura em que Moçambique entra para a época chuvosa 2023-2024 e com a necessidade de planificar-se para dar melhor resposta aos fenómenos extremos.
Recentemente, a Comissão Técnico-Científica sobre Mudanças Climáticas de Moçambique (CTCMC) que se reuniu em Maputo, disse esperar acções antecipadas das instituições do governo, não-governamentais, e das comunidades para travar o impacto das alterações climáticas que podem ocorrer durante a época chuvosa 2023-2024.
Moçambique é ciclicamente afectado por chuvas severas. Exemplo disso, foi o ciclone Idai, Kenned e Fredd, que devastaram as regiões centro e norte. Aliás, no final da época chuvosa 2022-2023, assistiu-se a chuvas fora do normal em Maputo, com danos avultados.
Tendo em conta toda esta realidade, a aposta na previsão dos fenómenos será factor chave para melhor resposta e minimizar danos.
Prevê-se neste período chuvoso que vai até Abril de 2024, a ocorrência de chuvas abaixo do normal, na zona Sul, e parte Sul da zona Centro do país, e chuvas normais com tendência para acima do normal na zona Norte, e a norte da zona Centro do país, bem como o risco de cheias nas principais bacias hidrográficas.
A previsão prevê também o fenómeno El-Nino que é acompanhado de seca e estiagem, sobretudo para a zona Sul.
Mozavibe/AIM