Máquinas de ralar coco e moer amendoim - o negócio que mudou a vida das famílias

Com as máquinas electrónicas de ralar coco e triturar amendoim chegou uma nova dinâmica social | Foto: DR

 

Num toque de criatividade e da necessidade de responder à dinâmica social em constante transformação, surgiu uma solução que transformou a vida social moçambicana: as pequenas moedeiras de amendoim e o ralador eléctrico de coco.

As máquinas de moagem de amendoim cru e as máquinas para ralar coco, são hoje uma solução para dinamizar o trabalho doméstico. Que está a transformar a vida nos bairros de Maputo e dentro das famílias. Se antes, nos quintais das residências ouvia-se o barulho do pilão e o ralador, hoje em dia, veem-se filas nas ruas ou nos mercados, formadas por mulheres, homens, jovens crianças, idosos, que procuram pelas máquinas eléctricas para triturarem o amendoim e ralar o coco para depois, confeccionarem os alimentos, sem mais o processo “arcaico” da cozinha tradicional.

Um dos impactos da pandemia da COVI-19, no país, foi o aumento de desemprego. Muitas empresas fecharam e outras diminuíram a mão-de-obra. Posto que, na maior parte dos alimentos consumidos pelos moçambicanos o tempero principal é o amendoim e o coco, estes engenhos vêm apresentar uma solução, não só para o empreendedor, como também para aquela pessoa que deseja aliviar o trabalho doméstico, que tinha, sobretudo, o peso na vida das mulheres.

Os números actuais indicam que há mais mulheres a se formarem em comparação aos transactos anos, o que implica haver mais mulheres no sector do trabalho. Se, na nossa sociedade, há um entendimento de que os trabalhos domésticos são orientados pelas mulheres, pode-se concluir que, esta inovação é um bálsamo, já que, o amendoim e o coco podem ser triturados em grandes quantidades e armazenados em um congelador e/ou geleira o que é um ganho para o empreendedor e abre-se uma nova era nas famílias, afinal, o preconceito de se ver um homem agachado para ralar coco ou exercendo a força sobre o pilão, já não impede que este mexa nas panelas para confeccionar os alimentos.

A cada copo de amendoim são cobrados em média 5 Meticais e o mesmo acontece com o coco, 5 Meticais cada. Não se reclama, pois é um preço adequado e justo para a carência monetária da maior parte dos cidadãos e, desta forma, os serviços são de fácil acesso.

Os ganhos, com as máquinas, não são imediatos, uma vez que, ele funciona na base eléctrica e depende do fluxo de clientes. Mesmo que pareça, elas não consomem muita energia.

Alguns jovens da cidade de Maputo, que trabalham diariamente com as máquinas de dupla função – triturar o amendoim e ralar coco –, estão empregados por alguém e, por outro lado, alguns se reinventaram no negócio, juntaram o seu próprio dinheiro e adquiriram as máquinas

Mas, como estas máquinas surgiram e se espalharam por todo o país? As máquinas que hoje podem ser vistas em qualquer bairro, chegaram, primeiramente, no país oriundas da China. Mas não tardou que um moçambicano encontrasse uma forma de produzir localmente as máquinas. E um deles foi o jovem serralheiro Almeida Jorge, que em 2017 viu, em Tete, uma máquina que triturava amendoim. Este, tendo-se encantado com a inovação oriental, decidiu implementar uma igual, que seria usada no contexto moçambicano, já que tinha em mãos o talento da serralharia.

Almeida Jorge decidiu criar a sua própria máquina e vender para outras pessoas. Embora tenha havido falhas no percurso, o resultado final foi um êxito, tendo o mercado como testemunho. Pouco se pode ouvir, actualmente, da necessidade de aquisição do pilão e o mesmo se diz do ralador.

Com o passar do tempo, o serralheiro, decidiu criar um motor de duas funções, que seria prático para moer o amendoim cru e ralar coco. Isto é, em uma máquina de duas funções.

Esta descoberta fez com que Almeida Jorge fosse uma ponte para a criação de empregos emergentes para diversos jovens, já que ele vendia e também formou outros jovens para aprenderam o ofício. Com instalações no Município da Matola, hoje em dia ele fabrica máquinas de grande uso e as mesmas estão espalhadas por todo o país e ajudam a atenuar o desemprego por parte dos jovens e as tarefas domésticas.

 

Por Joana Carlos