Investir em negócios sustentáveis é o único caminho que nos resta

Foto: Marta Uetela

Três empreendedoras moçambicanas estão transformam desafios ambientais em oportunidades de negócios sustentáveis. São elas Marta Uetela, Cristina Brito e Vânia Gonçalo, recentemente partilharam as suas experiências no seminário “Empreendedorismo, Impacto Social e Meio Ambiente”, moderado por Ezaquiela Muanga.
Marta Uetela é engenheira mecânica e fundadora da BioMec, um estúdio de design e fabrico de próteses com base em plástico colectado no mar. Da escassez e das dificuldades nasceu o seu projecto. Lembra de quando testemunhou de perto quando um colega sofreu acidente e, por falta de fundos, não conseguia obter uma prótese.

Foto: Marta Uetela

“A discrepância entre a demanda e a oferta no mercado de próteses era evidente, além dos preços elevados, o tempo de produção era longo e inacessível para muitos”, contou.
Ao observar o problema da poluição plástica nos mares viu uma oportunidade para empreender de maneira inovadora e sustentável. Decidiu transformar resíduos plásticos e redes de pesca em próteses de alta performance.
Associar a tecnologia ao meio ambiente, destacou, não só oferece uma solução mais barata, mas também ajuda a limpar os oceanos. Os seus produtos, por exemplo, custam cerca de três salários mínimos. Já uma prótese convencional pode custar o triplo ou mais.

 

NEGÓCIO PROMOVE EDUCAÇÃO MENSTRUAL

Foto: Cristina Brito

Cristina Brito, por seu turno, é formada em administração publica. É também gestora de parcerias da Be Girl Moçambique, uma empresa de design que cria produtos menstruais sustentáveis e assim promove a educação menstrual.
A sua visão é criar um mundo onde a menstruação seja vista como algo bonito e natural, sem atrapalhar as oportunidades das meninas. A isso alia-se a responsabilidade ambiental dos seus produtos.
A linha de produtos menstruais reutilizáveis da Be Girl oferece uma alternativa sustentável aos produtos descartáveis tradicionais, concebida para cuidar do corpo e do planeta. Os produtos incluem calcinhas menstruais à prova de fugas, pensos menstruais laváveis e altamente absorventes, um copo menstrual ultra-suave de silicone de qualidade médica com um estojo para guardar e higienizar com água a ferver, e sacos à prova de água e de odores para armazenamento e limpeza dos produtos.
Os produtos proporcionam conforto e segurança superior contra vazamentos e promovem autonomia e confiança nas usuárias. São igualmente económicos a longo prazo e educam as jovens sobre saúde menstrual. Além disso, reduzem o impacto ambiental dos resíduos menstruais descartáveis.

 

REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS COMO PNEUS

Foto: Vânia Gonçalo

Já Vânia Gonçalo é activista climática com formação em várias áreas ambientais. É directora executiva da Gonzart, empresa dedicada à reciclagem e reutilização de materiais como pneus, solas de chinelos e plásticos.
A Gonzart também coordena programas de capacitação para mulheres vulneráveis, ensinando-as a reaproveitar materiais recicláveis. "A Gonzart foca na criação de produtos ecológicos e na capacitação de comunidades para promover a sustentabilidade", destacou Vânia Gonçalo.
A empresa, que também recolhe objectos do oceano produz materiais como mesas, vasos, brincos, entre outros, contribuindo para a redução de resíduos e promoção de um estilo de vida mais sustentável.

(Por Renaldo Manhice)