Em busca de soluções contra cólera

Foto: DNAAS

Moçambique enfrentou recentemente o maior surto de cólera dos últimos 20 anos. Este é um alerta para que todos os actores sociais se unam e combatam a doença. Este foi inclusive um dos consensos alcançados na 1ª Conferência Internacional sobre Transdisciplinaridade para a Eliminação da Cólera, sob o lema "Juntos pela Eliminação da Cólera".
O evento, que decorreu em Maputo, destacou a necessidade de uma abordagem integrada para combater os principais factores que contribuem para a propagação da cólera, como o acesso à água potável, saneamento básico e práticas de higiene adequadas.
A conferência abordou a preocupante situação global da cólera, que afecta entre 1,3 e 4 milhões de pessoas anualmente, resultando em 21.000 a 143.000 mortes.
Dados divulgados durante o encontro indicam que em Moçambique aproximadamente 5,2 milhões de pessoas foram vacinadas contra a cólera entre 2021 e 2024 em vários distritos.
O Primeiro-Ministro Adriano Maleiane destacou que, entre Janeiro e Março deste ano, o mundo registou cerca de 94 mil casos de cólera, sendo que mais da metade ocorreu em África. Desde 2023, o continente relatou pouco mais de 250 mil casos e mais de quatro mil mortes, com uma taxa de letalidade de 1,6 por cento. Em Moçambique, foram notificados cerca de 16 mil casos e 38 mortes desde Outubro de 2023, com uma taxa de mortalidade de 0,2 por cento.
Desde 2022, o aumento de casos de cólera e outras doenças relacionadas à água, agravado pelas mudanças climáticas, tem sido evidente. Na África Oriental e Austral, foram registados mais de 300 mil casos e 5 mil mortes em 14 países. Embora alguns sinais de estabilização tenham surgido, a situação na África Austral permanece crítica, reforçando a necessidade de intervenções urgentes.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e parceiros tem enfrentado grandes desafios em Moçambique, onde o acesso limitado à água e ao saneamento seguro facilita a propagação da cólera. Além disso, a desinformação e os rumores dificultam a adopção de práticas preventivas pela comunidade.
A sobrecarga dos recursos técnicos e financeiros destinados ao combate da cólera evidencia a necessidade de esforços adicionais. Para enfrentar essa crise, é essencial investir em melhorias nas infraestruturas de água e saneamento, fortalecer as respostas comunitárias, aprimorar a preparação das unidades de saúde e aumentar a comunicação de riscos e o envolvimento da comunidade.

(Por Renaldo Manhice)