Ela abriu o pacote com muito cuidado, ela não queria destruir a mensagem, e quando pegou no livro e viu nome dela soltou um “wow”, com uma espontaneidade e um sorriso rasgado no rosto. Ela abriu o livro e dava gargalhadas tímidas ao ler coisas que a identificavam, os olhos dela brilhavam, ela transmitia encantamento pelo livro, ela mantinha os olhos curiosos cravados no livro, queria explorar mais, parecia hipnotizada pelo livro. Foi muito gostoso de ver. Eu acho que as imagens falam mais do que palavras e são a melhor forma de expressar os sentimentos e eu vi no vídeo da Zolani esse sentimento puro, verdadeiro, genuíno pelo livro e me contagiou com alegria dela!
Este podia ser um relato de uma pessoa adulta, apaixonada por leitura, mas pasmem, é uma menina de 8 que ganhou de presente, um livro personalizado com a sua história.
Numa altura em que as crianças e os adolescentes estão cada vez mais distantes dos livros, onde o celular, o computador, o videogame e outros dispositivos tecnológicos, tem roubado a sua atenção, surge a necessidade de a sociedade, buscar formas de tornar a leitura um hábito apreciado pelos petizes.
Foi pensando nisso, que a inovadora social, Ivándra José, desenvolveu uma linha de livros personalizados para crianças. Um processo diferenciado que vamos ter a oportunidade de conhecer com mais detalhe, nas próximas linhas.
O interesse da Ivándra pela literatura está ligado a arte, no geral. Aprendeu a desenhar e a pintar a sua primeira flor de cinco pétalas aos cinco anos de idade. Facto curioso é que apesar de ser filha de professor de desenho, foi com a mãe que aprendeu o traço artístico. Conta igualmente, que, desde pequena, para além do desenho, foi exposta aos livros e áudios de histórias, sem contar que na sua casa tinha uma instante cheia de livros.
“Tinha um livro que minha mãe trouxe de Cuba para a minha tia e eu gostava de apreciar as ilustrações. Lembro-me também de uma cassete de histórias que meu tio gravou para mim. A minha mãe, meus tios, gostavam de contar histórias para mim e para meus primos, mas as histórias contadas na fogueira, na casa dos meus avôs pelo meu avô, eram as melhores pois envolviam uma encenação com cânticos, onde nós podíamos ser as personagens da história e usar um figurino feito com capulana. Tive também dois livrinhos que o meu pai me ofereceu quando comecei a aprender sobre as letras e a ler, foi muito cedo pois minha mãe me ensinava em casa antes mesmo de aprender na escola”, contou.
O tempo foi passando e a consciência em relação a importância da leitura foi se tornando mais presente e decide mergulhar de forma apaixonada e dedicada nesse mundo, seja lendo ou escrevendo, até porque, como conta, não tem como escrever sem ler. A literatura veio-lhe de forma leve, até que nos últimos anos, se tornou uma prioridade e importante ocupação.
Sobre o seu primeiro livro, “DESMOND: O menino que deu cor ao mundo”, Ivándra conta-nos que a criação não obedeceu um processo orgânico. Quando começou a escrevê-lo, a ideia não era fazer um livro, apenas quis deixar que as palavras ditassem seu próprio rumo. Foi no momento, em que se preparava para fazer uma viagem pelo Brasil e precisava mobilizar recursos. Olhando para o seu mapa mental, para toda essa abundância que tinha, a forma que encontrou para transpor o seu íntimo foi em formato de livro.
“Quando eu tive essa claridade foi espetacular, dei pulos e gritos, me coloquei logo em movimento, produzi o primeiro livro para o meu sobrinho e, como calhou próximo ao dia das crianças, recebi tantas encomendas que fiquei louca, era muita história para criar, mas foi bem positivo e maravilhoso. Foi um processo de muita entrega, de reparar para dentro de mim, sentir o que estava vivo e trazer toda essa abundância cá para fora”.
O primeiro livro foi pensando e produzido para o sobrinho e sem grandes críticas do público. Entretanto, era necessário expandir o seu produto e permitir que mais crianças tivessem acesso a livros narrando a sua própria história.
O objectivo da Ivándra é que as crianças que recebem o livro, se apropriem dos enredos e, por isso, se mantenham animadas para escutar ou ler. Os adultos que queiram presentear as crianças, podem encomendar o livro de acordo com o que as crianças gostam ou preferem: cor, título, personagens e mais. Vale tudo para que a história seja um verdadeiro sonho para a criança.
Segundo a autora, a experiência tem sido maravilhosa e inclusive, alguns pais pedem para criar uma versão para adultos e afirmam que adorariam ter um livro personalizado sobre a sua infância. Mas a reacção das crianças ao receberem o livro com história delas é que tem sido uma verdadeira iluminação na vida da autora.
Falando em iluminar caminho, a nossa Ivándra, entende que os livros personalizados não são apenas objectos, nem memórias de infância, são sonhos em forma de letras. E o que fazem os sonhos? Eles acendem a chama da vida, funcionam como combustível, melhoram a qualidade de vida, inspiram o melhor, zelam pela saúde e bem-estar e contribuem para um melhor mundo.