Gwaza Muthini: celebração de 130 anos de resistência

Foto: Félix Matsinhe

Marracuene foi sábado palco do Festival Gwaza Muthini, realizado anualmente em Fevereiro no distrito de Marracuene, na província de Maputo, em celebração da memória da Batalha de Marracuene, ocorrida a 2 de Fevereiro de 1895, entre os guerreiros moçambicanos liderados pelo príncipe Zixaxa e as tropas portuguesas.

Esta batalha histórica é recordada como um marco da resistência à ocupação colonial portuguesa. O evento começa com a cerimónia de "kuphahla", uma evocação aos antepassados, e segue com apresentações culturais, incluindo danças tradicionais que revivem o espírito da resistência.

Apesar de um contexto de manifestações pós-eleitorais que reduziram a participação no início do evento, o festival atraiu centenas de pessoas, tanto locais como visitantes da província de Maputo. Para além das apresentações culturais, o evento contou com uma feira que ofereceu produtos artesanais e gastronomia moçambicana, atraindo os participantes pela diversidade de atrações.

Uma das tradições associadas ao festival é o consumo do canhu, uma bebida típica da região, no entanto ameaçada pela crescente urbanização. O presidente do município de Marracuene, Shafee Sidat, salienta que a expansão das construções tem provocado o abate das árvores necessárias para produzir o canhu, o que compromete esta tradição. Para preservar o canhu, Sidat propõe plantar mais árvores e proteger o ambiente, garantindo a continuidade da prática cultural.

Outra tradição que tem vindo a mudar ao longo dos tempos é a presença do hipopótamo, cuja carne era tradicionalmente utilizada para alimentar os participantes do festival. No entanto, o animal tornou-se raro, e a carne de cabrito e de galinha passou a ser mais comum. Esta mudança reflete também as desigualdades históricas, onde os alimentos eram divididos entre os colonizadores e a população local, com os portugueses a consumirem carne de vaca e os moçambicanos carne de hipopótamo.

Além disso, o Festival Gwaza Muthini coincidiu com o 18º Festival Marrabenta, que homenageou Dilon Djidji, o icónico músico que ajudou a popularizar o estilo musical marrabenta. O evento contou com um programa diversificado que incluiu atuações de marrabenta, xigubo, ngalanga e mapiko, promovendo a interação entre gerações e o fortalecimento da identidade cultural moçambicana.

(Por MozaVibe)