"Girafa Solar" dá energia a mais de cinco mil pessoas

Girafa Solar é uma estrutura que capta a energia solar para o uso pelas comunidades rurais | Fotos: Fundação Carlos Morgado

 

A falta de energia electrica é uma realidade que muitas comunidades ao logo de Moçambique ainda enfrentam. A falta desse recurso exclui as populações de acesso a vários recursos que são hoje essenciais para qualidade de vida, dentre eles, a informação e a ligação com o mundo.

Foi por estar ciente dessa realidade que, a Fundação Carlos Morgado, organização sem fins lucrativos que visa potencializar e promover o desenvolvimento sustentável de Moçambique, desenhou um plano para ajudar cidadãos residentes nas mais recônditas zonas de Moçambique, a fim destes terem acesso à energia, através de sistemas solares. Assim, em 2015, surgiu o primeiro desenho do "carregador solar" que, mais tarde, veio a ser chamado "Girafa Solar".

O nome surgiu quando os organizadores tentavam elevar os painéis solares, uma forma de evitar que fossem furtados e, depois de executado, aperceberam-se que o resultado final tinha o formato de uma girafa.

A instalação deste painel solar numa comunidade, leva, em média, um dia e meio. A Fundação Carlos Morgado e parceiros criaram condições para que os cidadãos das comunidades soubessem manusear o equipamento, dando-os formação e um pagamento nos primeiros seis meses do uso da máquina.

Desta feita, pode-se dizer que a Girafa Solar é uma estrutura que usa energia solar para criar um espaço comunitário, onde se podem carregar telemóveis, ouvir rádio e oferecer iluminação pública em áreas rurais. Os cidadãos, destas comunidades, têm o direito livre de carregar os seus telemóveis e ouvir a rádio e, por via de uma contribuição social, é possível comprarem um televisor e se juntar maior número de pessoas para acompanharem as programações televisivas. Este acto fortalece a comunhão entre os membros e o acesso à informação.

A Girafa Solar leva consigo pilhas, que duram até cinco anos ou mais. Já foram instaladas quatro destes painéis, em quatro locais distintos, no distrito de Marrupa e Malica, em Niassa; na localidade de Mangunze, no distrito de Chongoene, na província de Gaza, e; na localidade de Cupo, no distrito de Funhalouro, província de Inhambane. Agora, se seguirá a província de Cabo Delgado, com a montagem de duas estruturas. A projecção desta energia solar atinge, em média, cerca de cinco mil pessoas em cada comunidade, com cerca de 1200 celulares carregados por mês.

Pretende-se instalar um total de oito painéis até o final do presente ano. Estas máquinas funcionam de forma automática. Quando o sol raia, a energia flui, do contrário, a máquina para.

Este projecto surge como forma de responder ao alto índice de pobreza. Antes de se beneficiarem da instalação das Girafas Solares, de acordo com a Fundação Carlos Morgado, cada cidadão dessas localidades, precisava de 10 meticais diários para carregar os celulares. Com esta máquina, é possível que ele poupe cerca de 50 meticais semanais.

O projecto Girafa é financiado pela Embaixada da Irlanda em Moçambique e tem por objectivos ligar-se ao bem comunitário, o que de certa forma, cria um vínculo entre os membros. Assim, é possível carregar os celulares; melhorar o acesso à cobertura móvel e intensificar as interacções sociais e econômicas nas comunidades. No futuro, mais soluções plug-in-play podem ser adicionadas, por exemplo, hotspot de internet, televisão, computador e outros.

 

Por Joana Carlos