Autismo: um transtorno pouco conhecido

Foto: Renaldo Manhice
Todos unidos contra o autismo

A cidade de Maputo sediou recentemente um workshop dedicado à consciencialização do autismo, um transtorno do neuro-desenvolvimento ainda pouco compreendido em Moçambique.
O evento reuniu pais, crianças com autismo e profissionais da saúde, enfatizando a importância de aumentar o conhecimento e a compreensão sobre o autismo na sociedade moçambicana.
Susana Silva, especialista em reabilitação e inserção social, e palestrante principal da oficina, iniciou o evento com uma explicação detalhada sobre o espectro do autismo do país.
"O autismo afecta três grandes áreas do desenvolvimento: comunicação, interação social e comportamento. É crucial que a sociedade compreenda estas áreas para proporcionar um ambiente mais inclusivo e de apoio às crianças e suas famílias”, afirmou.
Destacou que crianças com autismo podem apresentar atrasos significativos na linguagem ou dificuldades em manter um diálogo, sendo que frequentemente utilizam formas alternativas de comunicação como choro, grito ou gestos de mão.
A interação com outras crianças pode ser desafiadora e o comportamento pode variar bastante, com algumas crianças sendo agressivas quando contrariadas e outras extremamente calmas.
Susana Silva enfatizou a necessidade de uma abordagem inclusiva e informada para melhorar a qualidade de vida das crianças com autismo e suas famílias. “É necessário um esforço conjunto da sociedade, incluindo políticas públicas que promovam a inclusão nas escolas e o acesso a serviços de saúde especializados. A consciencialização e a formação contínua são essenciais para uma sociedade mais acolhedora e compreensiva”, afirmou.


PROBLEMAS COMUNS
Durante o workshop, diversos pais de crianças com autismo partilharam suas experiências e desafios. Muitos relataram a dificuldade inicial em perceber que os seus filhos tinham autismo, pois algumas crianças desenvolviam-se normalmente até cerca de um ano de idade, mas depois apresentavam mudanças significativas de comportamento.
Foi então que procuraram psicólogos e hospitais, onde receberam o diagnóstico de autismo. Os pais ressaltaram a importância da terapia para ajudar a superar os desafios do autismo, especialmente para crianças não verbais.
Destacam a necessidade de trabalho em equipa e a aquisição de conhecimentos sobre autismo, pois a condição requer não apenas a assistência dos médicos, mas também a participação activa e paciente dos pais. Sublinharam que, apesar de o autismo não ter cura, com o apoio adequado, as crianças podem alcançar um desenvolvimento significativo.
Alguns pais também mencionaram sintomas comuns do autismo como alergias, problemas de pele, dificuldades de fala e atrasos no desenvolvimento da linguagem. Relataram que algumas crianças só começaram a falar tardiamente, em alguns casos aos 16 anos, e enfatizaram a importância do diagnóstico precoce e do apoio contínuo.


EDUCAÇÃO FÍSICA É MUITO IMPORTANTE
O professor de educação física Edgar Guibene destacou a relevância da educação física no manejo do autismo. "A educação física é muito importante porque desenvolve as atividades motoras básicas e o próprio aparelho motor das crianças", afirmou.
Explicou que a prática regular de exercícios físicos pode melhorar a coordenação motora, a concentração e a interação social das crianças com autismo. "A educação física é muito importante porque desenvolve as actividades motoras básicas e o próprio aparelho motor das crianças", esclareceu.
A prática regular de exercícios físicos pode melhorar a coordenação motora, concentração e interacção social das crianças com autismo, sendo uma ferramenta crucial para o seu desenvolvimento.


(Por Renaldo Manhice)