Descubra o património que Moçambique "dá" à humanidade

Moçambique possui um vasto património cultural que se estende de norte a sul. O reconhecimento nacional das várias expressões culturais e sítios históricos é quase unânime, com a realização de vários estudos e acções para a sua divulgação e conservação, para que a "essência" não se perca no frenesim dos tempos modernos. Num mosaico cultural tão vasto, é grande a importância do reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que eleva o nível de atenção nacional e internacional para a valorização do património cultural, podendo mesmo levar ao acesso a diversos financiamentos para a área.

 

Mapiko

Mapiko foi recentemente classificado como Património da UNESCO | Foto: Perfil MozBox

A dança tradicional Mapiko foi, a 5 de Dezembro, alistada no Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)

Praticada principalmente nos distritos de Mueda, Nangade e Muidumbe, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a dança também designada Ingoma ya Mapiko entra para uma lista restrita de patrimónios que devem ser protegidos e preservados, enquanto obra representativa da cultura de um povo. Agora, Mapiko, é a dança da humanidade, um reconhecimento que leva com que a prática seja amplamente divulgada, documentada e preservada para a valorização do legado histórico cultural e artístico dos ancestrais, mas também os avanços, as conquistas e os valores contemporâneos que vão perdurar e ser transmitidos às futuras gerações.

“O objetivo é melhorar a estratégia de segurança face ao risco de extinção devido à guerra do terrorismo e sensibilizar os jovens para a importância da identidade maconde no respeito pelo ser humano. No futuro, esperamos que o seu reconhecimento venha a reforçar a coesão social e territorial entre os diferentes povos que apresentam o mosaico étnico de Cabo Delgado, se não de Moçambique e do mundo”, aponta a nota do Ministério da Cultura e Turismo.

Mapiko entra assim para um “clube” exclusivo onde Moçambique pode orgulhar-se por ter ainda mais integrantes, entre manifestações culturais e sítios históriocos.

 

Timbila

Cheny wa Gune, um dos jogadores experientes da Timbila | Foto: FFLC

 

As Timbila Chopi foram declaradas património imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 25 de Novembro de 2005.

As comunidades Chopi vivem principalmente na parte sul da província de Inhambane, no sul de Moçambique, e são famosas pela sua música de orquestra. Suas orquestras consistem de cinco a trinta xilofones de madeira, chamados timbila, de tamanhos e tons variados. As timbila são instrumentos de madeira finamente fabricados e afinados, feitos a partir da madeira altamente ressonante da árvore mwenje (erva-espirro) de crescimento lento. Sob cada ripa de madeira é fixado um ressonador feito de cabaças, hermeticamente selado com cera de abelha e temperado com o óleo da fruta nkuso, conferindo às timbila seu rico som nasal e vibrações características. As orquestras são compostas por mestres e aprendizes de timbila de todas as faixas etárias, com crianças tocando ao lado dos avós.

 

Gule Wamkulu

A dança Nyau é praticada principalmente na província de Tete | Foto: DR

Gule Wamkulu, foi também distinguida, a 25 de Novembro de 2005, como Obra-prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade. É uma dança ritual praticada pela etnia Chewa em três países: Malawi, Zâmbia e Moçambique.

Gule Wamkulu era um culto secreto, envolvendo uma dança ritual praticada entre os Chewa no Malawi, Zâmbia e Moçambique. Foi realizado por membros da irmandade Nyau, uma sociedade secreta de homens iniciados. Dentro da sociedade matrilinear tradicional dos Chewa, onde os homens casados ​​desempenhavam um papel bastante marginal, os Nyau ofereceram um meio de estabelecer um contrapeso e solidariedade entre os homens de várias aldeias. Os membros Nyau ainda são responsáveis ​​pela iniciação dos jovens na idade adulta e pela execução do Gule Wamkulu no final do procedimento de iniciação, celebrando a integração dos jovens na sociedade adulta.

Gule Wamkulu é realizado na temporada seguinte à colheita de julho, mas também pode ser visto em casamentos, funerais e na posse ou morte de um chefe.

 

Ilha de Moçambique

Vista aérea da Ilha de Moçambique | Foto: Município da Ilha de Moçambique

A Ilha de Moçambique foi declarada em 1991, Património Mundial da Humanidade.

A Ilha de Moçambique é um recife de coral calcário situado a 4 km da costa continental, na entrada da Baía de Mossuril, no Oceano Índico, na província de Nampula. Uma ponte construída na década de 1960 une a ilha ao continente. A ilha forma um arquipélago com duas pequenas ilhas desabitadas, as Ilhas de Goa e Sena, a leste.

As comunidades insulares estão intimamente associadas à história da navegação no Oceano Índico, uma vez que a ilha desempenhou um papel único nas ligações comerciais intercontinentais desde o século X. A sua importância histórica internacional prende-se com o desenvolvimento e estabelecimento das rotas marítimas portuguesas entre a Europa Ocidental e o subcontinente indiano.