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Marracuene foi sábado palco do Festival Gwaza Muthini, realizado anualmente em Fevereiro no distrito de Marracuene, na província de Maputo, em celebração da memória da Batalha de Marracuene, ocorrida a 2 de Fevereiro de 1895, entre os guerreiros moçambicanos liderados pelo príncipe Zixaxa e as tropas portuguesas.
Esta batalha histórica é recordada como um marco da resistência à ocupação colonial portuguesa. O evento começa com a cerimónia de "kuphahla", uma evocação aos antepassados, e segue com apresentações culturais, incluindo danças tradicionais que revivem o espírito da resistência.
Apesar de um contexto de manifestações pós-eleitorais que reduziram a participação no início do evento, o festival atraiu centenas de pessoas, tanto locais como visitantes da província de Maputo. Para além das apresentações culturais, o evento contou com uma feira que ofereceu produtos artesanais e gastronomia moçambicana, atraindo os participantes pela diversidade de atrações.
Uma das tradições associadas ao festival é o consumo do canhu, uma bebida típica da região, no entanto ameaçada pela crescente urbanização. O presidente do município de Marracuene, Shafee Sidat, salienta que a expansão das construções tem provocado o abate das árvores necessárias para produzir o canhu, o que compromete esta tradição. Para preservar o canhu, Sidat propõe plantar mais árvores e proteger o ambiente, garantindo a continuidade da prática cultural.
Outra tradição que tem vindo a mudar ao longo dos tempos é a presença do hipopótamo, cuja carne era tradicionalmente utilizada para alimentar os participantes do festival. No entanto, o animal tornou-se raro, e a carne de cabrito e de galinha passou a ser mais comum. Esta mudança reflete também as desigualdades históricas, onde os alimentos eram divididos entre os colonizadores e a população local, com os portugueses a consumirem carne de vaca e os moçambicanos carne de hipopótamo.
Além disso, o Festival Gwaza Muthini coincidiu com o 18º Festival Marrabenta, que homenageou Dilon Djidji, o icónico músico que ajudou a popularizar o estilo musical marrabenta. O evento contou com um programa diversificado que incluiu atuações de marrabenta, xigubo, ngalanga e mapiko, promovendo a interação entre gerações e o fortalecimento da identidade cultural moçambicana.
(Por MozaVibe)