Era para ser mentira, mas é verdade. O último concerto de Dilon Djindji, o rei da marrabenta, já aconteceu. E, provavelmente, ninguém percebeu que aquela seria a sua despedida dos palcos. Sua vitalidade, mesmo perto dos 100 anos, nos iludiu. Dilon parecia eterno, mas, como todos, precisava descansar.
Na madrugada de terça-feira, 17 de Setembro, o artista deu seu último suspiro. Amanhã, o seu público prestará a derradeira homenagem. A tristeza é inevitável; afinal, se existe um mistério que o homem jamais desvenda, e ao qual nunca se acostuma, é a morte.
Dilon, contudo, já faz parte da eternidade, imortalizado por suas obras e pelos álbuns que deixou. Numa das suas músicas, parece até antecipar a partida. Despede-se da amada terra natal, com versos cantados em xichanga:
“Em Marracuene choram / Choram o Dilon / Dilon já vai / Vão se virar”
Essa é, curiosamente, uma das canções mais populares do autor de “Podina”. Aos 97 anos, Dilon nos lega a memória de alguém que amou a música com a mesma intensidade com que amou a terra. E Marracuene soube retribuir esse amor, prestando-lhe homenagem em vida com uma rua e um mural em sua honra.
Resta agora, se possível, concretizar o seu próprio sonho de transformar a sua casa em museu. Que o local conte a história do homem que, de um pedaço da província de Maputo e com uma guitarra artesanal feita de lata, madeira e cordas, conquistou o mundo.
(Por Mozavibe)