
Investigadores moçambicanos integram a Expedição à Volta de África, uma missão científica internacional que percorre a costa africana para mapear e estudar a biodiversidade dos montes submarinos do Oceano Índico.
Liderada pelas organizações OceanX e OceanQuest, a iniciativa reúne especialistas de países como Moçambique, África do Sul, Madagáscar, Quénia, Tanzânia, Comores, Portugal, Brasil e Arábia Saudita. Visa aprofundar o conhecimento sobre os ecossistemas marinhos e impulsionar esforços de conservação e restauração oceânica.
A bordo do OceanXplorer, um dos mais avançados navios de investigação marinha do mundo, os cientistas utilizam submersíveis de última geração como o Neptune e o Nadir, que atingem profundidades de até 500 metros para recolher amostras biológicas e imagens do fundo do mar. Técnicas inovadoras como a análise de ADN ambiental (eDNA), permitem identificar espécies e compreender melhor a dinâmica dos ecossistemas.
Os montes submarinos, formações geológicas submersas, são considerados hotspots de biodiversidade. Segundo a ecologista bentónica Lara Atkinson, da NRF-SAEON (Rede de Observação Ambiental da África do Sul), essas estruturas influenciam as correntes oceânicas, criam zonas ricas em nutrientes e sustentam uma variedade de vida marinha, desde plâncton e corais até peixes e mamíferos marinhos.
Durante a expedição, os investigadores realizaram levantamentos em locais estratégicos como a Crista de Madagáscar e o Planalto das Agulhas, identificando espécies e documentando a complexidade desses habitats.
Mais do que uma missão de exploração, a Expedição à Volta de África busca fortalecer a investigação marinha nos países africanos. A colaboração com instituições locais visa fomentar o intercâmbio científico e capacitar novas gerações de investigadores. Em Moçambique, os dados recolhidos podem fortalecer programas de monitorização ambiental, apoiar políticas de conservação e consolidar a presença do país na ciência oceânica global.
(Por Renaldo Manhice)