Em busca de lixo económico e reciclável no mar

Foto: AMOR

O mar é uma das maiores vítimas do homem. Só para se ter uma ideia, cerca de 11 toneladas foram recentemente retiradas do mar na cidade da Beira, província de Sofala. Esta foi mais uma acção de limpeza marinha, na qual também se procurou por um lixo reciclável e, por isso, económico.

Limpar o mar foi uma das melhores maneiras de celebrar o Dia Mundial da Terra, 22 de Abril, na cidade da Beira, palco do lançamento oficial do projecto “Moedas Azuis”, uma iniciativa da Associação Moçambicana de Reciclagem (AMOR), marcada por uma acção massiva de limpeza na Praia do Estoril. A actividade envolveu cerca de 395 participantes.

Com o objectivo de conferir valor económico ao lixo reciclável, o projecto “Moedas Azuis” propõe um sistema de incentivo financeiro baseado na quantidade de resíduos recolhidos. Através do pagamento por tonelada, a AMOR pretende reduzir os impactos negativos do lixo urbano, ao mesmo tempo que cria oportunidades de geração de rendimento para catadores e comunidades locais. De acordo com os dados da organização, 10,8 das 11,292 toneladas recolhidas foram fruto directo da actuação dos catadores.

“Queremos provar que o lixo tem valor. Se for bem tratado, pode ser uma ferramenta de transformação social,” afirmou Eloge Mukuta, técnico digital da AMOR, durante uma conferência de imprensa. Ele também sublinhou a relevância da cooperação entre o sector público e privado para garantir o sucesso de projectos como este.

A jornada de limpeza envolveu não apenas membros da AMOR, mas também representantes de várias organizações da sociedade civil e instituições públicas, incluindo a Associação Viver Saudável (AVS), a Associação FACE de Água e Saneamento, a ACTAG, a Geração Saudável (AGS), a Direcção Provincial de Terra e Ambiente (DPDTA), a Associação Esperança Moçambicana (AEM), o Conselho Municipal da Beira (CMB), a Polícia da República de Moçambique (PRM), a polícia costeira, além de órgãos de comunicação social como a TVA e o ICS.

Para além da recolha de resíduos, o evento teve uma forte componente educativa, promovendo a consciencialização ambiental entre os participantes e a população local. Representando a FACE, Olivia Gotino reforçou a importância da responsabilidade individual: “Ao poluir, prejudicamo-nos a nós mesmos. Se não conseguimos corrigir o que fizemos de errado, pelo menos devemos evitar repetir os erros. Cada cidadão tem um papel a cumprir na preservação do meio ambiente.”

Alguns catadores presentes partilharam os impactos positivos do projecto nas suas vidas, referindo que a renda obtida com a venda dos resíduos tem sido essencial para cobrir necessidades básicas como alimentação e educação dos filhos. No encerramento da acção, a AMOR reafirmou o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e defendeu a importância de uma mobilização comunitária contínua para a construção de um futuro mais limpo, inclusivo e ambientalmente responsável.

(Por Renaldo Manhice)