A cidade de Abidjan, na Costa do Marfim, foi recentemente centro de uma importante conferência sobre mudanças climáticas e desenvolvimento em África.
Na conferência, discutiu-se, por exemplo, a disparidade entre a contribuição mínima de África para as emissões globais e o impacto desproporcional das mudanças climáticas no continente.
Neste sentido, o Ministro do Ambiente da Costa do Marfim ressaltou que o continente é responsável por menos de quatro por cento das emissões globais, no entanto, sofre desproporcionalmente com os seus efeitos adversos, como eventos climáticos extremos e degradação ambiental.
Apelou aos participantes a desenvolverem recomendações práticas para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-29), a decorrer em Novembro, em Baku, no Azerbaijão. Sublinhou igualmente a importância de utilizar a conferência como para fortalecer a posição de África nas negociações internacionais.
Por seu turno, Josefa Sacko, comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural e Ambiente Sustentável, alertou para as graves consequências económicas das mudanças climáticas. Previu, por exemplo, uma perda anual de até cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB) africano até 2040, caso não haja esforços urgentes de adaptação e mitigação.
Destacou que os impactos mais severos recairão sobre as populações vulneráveis, que já enfrentam desafios substanciais. Convocou os participantes a mobilizarem grandes volumes de financiamento climático, enfatizando a necessidade de garantir que os recursos sejam fornecidos na forma de subvenções em vez de dívidas ou empréstimos e de aumentar o financiamento para projectos e mercados de carbono.
Já Anthony Nyong, director do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para Alterações Climáticas e Crescimento Verde, observou que menos de 3% do financiamento climático global chega à África Subsariana, uma situação que precisa ser urgentemente revertida.
Reafirmou o compromisso do BAD em duplicar o financiamento climático para 25 bilhões de dólares até o próximo ano e aumentar a quota africana no financiamento climático global de 3% para 10%. Este compromisso é visto como um passo crucial para alinhar os recursos necessários com as necessidades crescentes do continente para enfrentar os desafios climáticos.
(Por Renaldo Manhice)