A necessidade de inserir a mulher criativa no mercado digital global foi um dos motivos para a realização, em Maputo do debate “Mulheres na Economia Criativa em Moçambique”.
No evento, do Kaleidoscopio, um instituto dedicado à investigação cultural, destacou-se que muitas mulheres moçambicanas, particularmente as envolvidas na criação artística, ainda não possuem conhecimentos profundos sobre a internet como ferramenta de promoção e venda de conteúdos. Assim, as mentorias foram apontadas como fundamentais para o sucesso dessas empreendedoras no ambiente digital.
O poder da digitalização foi enfatizado pela economista e gestora de negócios Kátia Agostinho, que ressaltou como essa ferramenta pode dinamizar os negócios criativos, criando novas oportunidades de venda e colaboração.
“À mulher é muitas vezes atribuído o papel de cuidar do lar e da família, mesmo se a mesma estiver envolvida em negócios ou empregada. No entanto, as tecnologias podem ajudá-la a optimizar o tempo, que já é escasso, facilitando os processos de promoção e venda”, afirmou Kátia Agostinho.
Apesar de reconhecer as vantagens da digitalização, a designer de moda e têxteis Djamila de Sousa destacou as dificuldades em estabilizar negócios no ambiente digital em Moçambique. “A confiança nas transacções ‘online’ ainda é baixa em Moçambique. Questões relacionadas à segurança, fraudes, e as políticas de transacção de moeda electrónica, tanto a nível nacional quanto internacional, fazem com que consumidores e artistas relutem em adoptar este modelo de negócios”, explicou Djamila.
Como solução, Djamila de Sousa propõe a implementação de melhores políticas públicas para o desenvolvimento do mercado digital, abordando desde questões fiscais e alfandegárias até a capacitação dos cidadãos sobre as potencialidades da economia digital.
Cerca de 20 mulheres, entre artistas, empreendedoras e promotoras de produtos culturais, participaram no debate. O evento faz parte das actividades do Kaleidoscopio na pesquisa sobre políticas públicas e cultura em Moçambique, um projecto iniciado em 2012 na cidade de Maputo.
(Por Nágel Mungoi/JN)