A televisão é um dos sublimes meios de comunicação que transmite informação para diferentes sociedades e, por isso, inspira a vários jovens a se formarem na área para se parecerem com determinados profissionais que se fazem nos ecrãs todas as manhãs, tarde e noites.
Desta feita, pensa-se que jornalismo é fazer televisão (o meio rádio também) e é na academia e/ou na prática onde se descobrem os diferentes media.
Encontramos, na capital moçambicana, Elton Pila. Nascido a 30 de Agosto de 1992, em Maputo, é jornalista, editor e roteirista. A sua colaboração, no jornalismo, inicia na imprensa, onde escreveu para a Plataforma Mbenga, a Revista Soletras. Igualmente escreveu para os jornais Notícias, Zambeze, Savana, Angola, Ponto por Ponto. É editor da revista Índico, revista de bordo da LAM e Literatas. Como roteirista, escreveu roteiros para a série Kuga Munu, para o curta 5.2.5 e telenovela moçambicana Maida. Fez a dramaturgia do espectáculo “Balada dos Deuses”, na literatura, fez parte do livro “O abismo aos pés 25 autores respondem sobre a iminência do fim do mundo.” Participou da antologia “Crónicas e Contos para ler em casa” e “Marca da Água” (Gala-Gala edições e Literatas, 2020).”
Acredita ele que foram as crónicas, as reportagens e as entrevistas que fizeram o seu caminho jornalístico e lapidaram a sua caligrafia para saber deslizar no roteiro já que havia em si “Uma veia de escrita.” Elton Pila não se via no audiovisual, sempre demostrou mais inclinação ao jornalismo impresso.
A sua entrada para o mundo da teledramaturgia é através da telenovela Maida. Elton afirma que, ainda na Escola Superior de Jornalismo, não tinham nenhuma ambição em fazer televisão, a sua paixão sempre foi a escrita. Com isto, escrever a história de uma novela não foi turbulento. “O ponto de partida é o mesmo, porque em ambos lados contam-se histórias, sobretudo o acontecimento. O impacto que tem sobre a vida humana, a diferença é que uma coisa é ficção e a outra é realidade.” Sublinha ele.
Embora ainda exerça funções que lhe admitam ser jornalista, a mudança para o roteiro é um caminho natural.
A telenovela Maida representa um marco na história da teledramaturgia moçambicana. Este projecto veio a dar vida a diversos acontecimentos vividos no quotidiano como também permitiu a maior valorização de talentos que já actuavam no teatro, stand-up comedy e ainda introduziu novos actores, que sequer haviam experimentado a representação, pelo menos aos olhos do grande público que é o da televisão. Outrossim, permite que actores, equipa técnica e diversos intervenientes tenham trabalho constante, o que pode ser visto como os primeiros passos para a criação de uma indústria televisiva, segundo diz Elton Pila.
O roteirista de Maida aponta que ela veio a quebrar “A síndrome de não olharmos para nós mesmos, como diria a cineasta Yara Costa.”
Nos capítulos desta novela pode-se ver a construção de cenários moçambicanos, uma verdadeira “representação do que somos” e é este o papel de um roteirista, contar a história no papel. A equipa de roteiristas, onde também se conta com Raquel Ataíde, Silvino Ubisse e Anselmo Cândido, sugere acções, reacções, cenários, diálogos, entoação da voz, atitudes corporais, etc.
A produção de uma novela implica vários elementos, explica Elton, “a nossa função é sonhar o mais alto que pudermos, dos elementos e das condições que nos derem. A produção faz o seu trabalho, os actores fazem o seu trabalho. Algumas vezes não é exactamente o que pensávamos para a cena.”
Esse é só um ponto que demonstra como o trabalho em equipa funciona, considerando que “a novela é uma coisa para os outros, para os outros gostarem. O caminho da novela é também definido com a interação que se tem com o público. A pretensão é ser influenciado pela realidade e influenciar a realidade”. Um dos elementos que fundamentam esta ideia está presentada, por exemplo, os protagonistas se expressarem à moda moçambicana.
O roteiro é a essência, mas não actua isoladamente. Há o trabalho do realizador. “Pelo olho do realizador o actor consegue incrementar alguma coisa. Então, todo esse processo permite que uma cena escrita de uma forma, tenha um produto final melhor.”
Elton Pila acredita, com isto, que o caminho de um formando em jornalismo não é linear, basta só ampliar os horizontes, pesquisar mais áreas actuação e não viver em uma caixinha. Esta é também função das universidades, criarem directrizes para que os estudantes tenham acesso às diversas opções de actuação.
Por Joana Carlos