Jorge Jairoce: “Apoiar o comércio informal e não reprimi-lo”

Foto: Gala Gala Edições

O professor Jorge Fernando Jairoce defende que se deve apoiar o comércio informal no país e não reprimi-lo. Destacou o “mukhero” como um fenómeno que transcende uma prática comercial informal, encarando-o como um meio de vida.

É, aliás, sobre isso o seu mais recente livro, intitulado “A Mulher e o Comércio Informal Transfronteiriço Mukhero no Sul de Moçambique” e lançado recentemente na cidade de Maputo.

Resulta duma pesquisa de doutoramento, grau por ele alcançado em 2016, e oferece uma análise profunda sobre o fenómeno do "mukhero" e o papel central das mulheres no comércio informal.

Segundo ele, a obra trata de uma rede complexa de relações e práticas que assegura a sobrevivência de milhares de famílias. O objectivo é trazer à tona essas histórias, para que possam ser compreendidas e valorizadas.
“Num contexto onde a formalidade nem sempre é acessível ou viável, o comércio informal oferece uma alternativa crucial. Precisamos entender melhor as suas dinâmicas e desafios,” explicou.

É neste sentido que aborda a necessidade de políticas que reconheçam e apoiem o comércio informal, em vez de simplesmente reprimi-lo. “Precisamos de políticas que vejam o 'mukhero' não como uma ameaça, mas como uma oportunidade. Uma oportunidade de empoderar mulheres, de fortalecer comunidades e de integrar essas atividades na economia formal de maneira inclusiva e sustentável”, comentou.

Por seu turno, o professor Bento Rupia Júnior, responsável por apresentar a obra, o livro vai além de uma simples análise económica, oferecendo uma visão detalhada e empática do comércio informal praticado por milhares de mulheres no sul do país.

“Com uma abordagem meticulosa, Jairoce explora não só os aspectos económicos do ‘mukhero’, mas também as suas dimensões sociais e culturais, evidenciando a importância e a resiliência das mulheres envolvidas nesse comércio”, comentou.

Destacou que a pesquisa revela como o “mukhero” é mais do que uma actividade económica. É uma necessidade vital para a sobrevivência e prosperidade de muitas famílias e comunidades.

Concluiu afirmando que o livro ilumina as complexidades e desafios enfrentados por essas mulheres e propõe formas de integrar essas práticas informais na economia formal, promovendo uma abordagem mais inclusiva e sustentável.

(Por Renaldo Manhice)